21 de abril de 2015

Notícia- “HÁ MUITO TRABALHO A FAZER” PELO PORTUGUÊS-Jornal Tribuna de Macau

“HÁ MUITO TRABALHO A FAZER” PELO PORTUGUÊS

Jornal Tribuna de Macau
Texto: Liane Ferreira
Caption
Maria José Maya proferiu palestra na Escola Portuguesa de Macau

O crescimento expectável em número de falantes de Português augura um futuro próspero, defende a fundadora da Associação 8 Séculos da Língua Portuguesa, advertindo no entanto que tal situação implica trabalho em termos de formação de professores e através de políticas adequadas para defender a língua. Por outro lado, Maria José Maya sublinha que a força da língua portuguesa está no seu conjunto de países falantes.

Na rota final das comemorações dos oito séculos da língua portuguesa que começaram em 2014, Maria José Maya, fundadora e presidente da associação com o mesmo nome veio a Macau, onde, como em todas as efemérides em que se olha para o passado e futuro, falou dos desafios que se avizinham para a Língua de Camões.

“Penso que é absolutamente premente pensarmos a formação dos professores, em como defendermos a Língua Portuguesa no sentido de poder ser melhor falada e melhor escrita”, afirmou, acrescentando que é preciso vencer certas questões, que apenas podem ser abordadas no conjunto de países falantes de português. “É fundamental a acção do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, que é um dos parceiros nas comemorações e o instrumento para a língua da Comunidade de Países de Língua Portuguesa e define políticas de língua”, disse.

Também o Camões- Instituto da Cooperação e da Língua foi indicado como fundamental na definição das políticas de língua, no entanto, sobre este tópico a presidente da associação preferiu não se pronunciar sobre as medidas que deveriam ser tomadas.

Noutra área, referiu ainda que é necessário ganhar a batalha da Internet e reforçar os trabalhos para tornar o Português numa língua de ciência. Isto depois de ter sido classificada como nova língua do poder e comércio pela revista norte-americana “Monocle”, num número dedicado ao mundo lusófono e respectivo crescimento económico. Daí que Maria José Maya saliente que a força da Língua Portuguesa está no conjunto de países que a fala, tendo o Instituto Internacional da Língua Portuguesa ajudado à consciencialização deste facto.

“A Língua Portuguesa é uma das poucas línguas que vai crescer neste século e nesse sentido podemos augurar um bom futuro, mas é preciso ter consciência que há muito trabalho a fazer”, declarou Maria José Maya. Actualmente, o Português é falado por mais de 250 milhões de pessoas, prevendo-se que chegue aos 300 milhões de falantes até 2050.

Afirmando que a tarefa de melhorar e difundir a língua da Camões cabe a todos, incluindo sociedade civil e comunicação social, destacou o papel de Macau no seu desenvolvimento como sendo “muito importante” e ligado ao aumento de instituições que oferecem português. “Há um grande número de universidades em Macau e outras na China com cursos de Língua Portuguesa e os estudantes procuram-nas porque consideram que abre portas em termos de algumas profissões e trabalho em alguns países, por isso, quando dizemos que vai crescer é em termos de língua materna, mas também em termos de língua segunda”.

Neste sentido, e para melhorar a qualidade do ensino e dos falantes, a formação de professores é apontada como sendo absolutamente necessária. “Quanto melhor formação for dada, melhor, mas também é importante perceber que os professores não podem fazer tudo”, referiu a docente.

Explicando que as comemorações iniciaram-se a 5 de Maio de 2014, porque foi tomado como referência o testamento de D. Afonso II, datado de 27 de Junho de 1214, o documento mais importante de um conjunto de escritos em Língua Portuguesa, mas também porque o 5 de Maio foi o dia instituído pela CPLP para a cultura e Língua Portuguesa, Maria José Maya destacou a emissão de um selo comemorativo pelos CTT Correios de Portugal como um dos eventos mais significativos.

“Os CTT alargaram aos operadores postais dos países de língua portuguesa e foi a primeira vez que os operadores aceitaram emitir o mesmo selo. No dia 5 de Maio foi lançado em Portugal, Brasil, Cabo Verde e Galiza, que é um acontecimento inédito”, disse, acrescentando a este momento especial as sessões dadas em Macau e o semestre que a Universidade da Amazónia dedicou ao Português, com actividades abertas à população.

Consciência do passado para falar do presente

No encontro com alunos da Escola Portuguesa de Macau, a presidente da associação falou da evolução da língua. “É bom termos consciência do passado para falarmos do presente, para podermos apontar os desafios do futuro e venho também falar de realizações feitas no âmbito das comemorações, porque é bom termos consciência de que pertencemos a um grande conjunto de acontecimentos feitos em diversos países”, afirmou.

Tendo em conta que o verso “é o som presente do mar futuro” de Fernando Pessoa é o lema das comemorações dos oito séculos de Língua Portuguesa, Maria José Maya avisou os alunos da EPM que estava preparada para ouvir poesia de Fernando Pessoa, ficando para o final da sessão este intercâmbio.

Esta sessão e a que se seguiu ao final da tarde no Consulado Geral de Portugal foram organizadas pelo Instituto Internacional de Macau (IIM) que faz parte da Comissão Temática para a Difusão da Língua Portuguesa e é parceiro nas celebrações.

Jorge Rangel, presidente do IIM, salientou o papel de Maria José Maya como uma pessoa que acredita em Portugal e na Língua Portuguesa, numa altura em que muitos têm dúvidas. O mesmo responsável fez referência às horas de grandeza e miséria ao longo da história numa perspectiva de se fazer hoje um esforço maior para um futuro melhor.

Sem comentários:

Enviar um comentário